segunda-feira, 2 de novembro de 2015

PANORAMA FIDA 2015: Luana Brunetti e Federico Fernández

Luana Brunetti e Federico Fernandez no pas-de-deux de O lago dos cisnes
Foto: Aline Nascimento


Um cisne argentino em águas paraenses: Luana Brunetti, que integra o time de primeiras-bailarinas do Teatro Colón de Buenos Aires, fez sua estreia no FIDA ao lado de Federico Fernández, também primeiro-bailarino do Colón, que podemos considerar um veterano no palco do Teatro da Paz, já que está no elenco dos convidados do Festival há vários anos. 

E que estreia. Suas linhas suaves, aliadas a uma insuspeitada força dramática e técnica excepcional, emocionaram sempre, mas sobretudo na interpretação do pas-de-deux do cisne branco, do ballet O lago dos cisnes. Foi cruzar o palco e já disse a que veio. intensa na interpretação, concentrada na execução, Luana brilhou ao revelar a dor da personagem Odette, perdida entre dois mundos e irremediavelmente presa ao amor pelo príncipe Siegfried.

A dupla tem química: Federico, que revela uma crescente maturidade nos papéis dramáticos, foi perfeito ao encarnar Siegfried, ele próprio também perdido entre tantas encruzilhadas, antes de se apaixonar por Odette. Mas Luana cria penas, agita quase desfalecida as frágeis asas, frágeis como as chances da personagem de vencer o trágico destino e conquistar a redenção do amor. Rebela-se, ainda que quase sem forças, ainda que saiba que é inútil. É da grandeza do cisne que emanam as nuances mais marcantes da interpretação de Luana Brunetti.

Com música particularmente tocante, o pas-de-deux nos mergulha na intimidade do casal de amantes. E vemos uma Luana totalmente entregue ao personagem Odette, consternada e retraída, reunindo as últimas forças do cisne para aproveitar ao máximo aqueles momentos tão cruciais ao lado do amado. 

Em sua imensa, irremediável tristeza, o cisne de Luana nos hipnotiza e comove. E Federico, na pele do príncipe Siegfried, representa o contraponto ideal.

A dupla dançou também, e com sucesso, os pas-de-deux de O Corsário e de O Quebra-Nozes
Mas como esquecer aquele cisne? 


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