sexta-feira, 30 de outubro de 2015

PANORAMA FIDA 2015: Grupo Nataraja

Nataraja no FIDA 2015
Foto: Aline Nascimento

Nataraja é um dos nomes do deus indiano Shiva, e significa "o rei da dança". Nessa configuração, Shiva é representado como o dançarino cósmico, que apresenta sua dança divina para destruir o que for necessário no universo e, assim, poder fazer a preparação para o Deus Brahma começar o processo de criação.

Pois foi este nome que um grupo de dança devocional de Belém escolheu para chegar a nós mortais com a beleza das danças de Shiva e nos tocar com um sopro do divino. 

Pode ser que eu seja suspeita para falar. O fato é que desde 2003, ano do meu primeiro FIDA, sempre me emociono e me impressiono com a qualidade do trabalho desse grupo singular, que não se parece com nada que conhecia até então, ou que tenha conhecido depois dele.

O apuro nos figurinos e adereços, na pintura do corpo, na escolha e interpretação das músicas, nas coreografias complexas e ao mesmo tempo delicadas, é algo muito difícil de descrever. Em cena, o Nataraja nos convida à introspecção. Parece que até a respiração dá um tempo, para que não se perca um só detalhe da evolução do grupo. Os integrantes são disciplinados bailarinos que realizam uma verdadeira oferenda coreográfica aos deuses, sem deixar de lado um só detalhe, sem cometer um deslize, sempre deslumbrantes em cena. Trazem sua verdade e a oferecem a todos nós, num ato de arte que é doação, é oração, é puro talento.

O Nataraja se apresenta todos os anos no FIDA e a beleza é sempre nova, grandiosa. Para mim, sua participação é sempre um grande momento - aquele instante em que se abre efetivamente um canal para uma energia mais qualificada, depurada, para um contato mais íntimo com um espaço interior de transcendência espiritual e estética. 

Dessa forma suave, firme e artisticamente consistente, o Nataraja segue enobrecendo a arte com um trabalho único e particularmente tocante. Concentro-me então e envio a Shiva, o rei da dança, meus sinceros votos de que o Nataraja possa levar sua dança a todos os palcos possíveis deste Brasil. 

E então, Shiva? Vamos providenciar?

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