segunda-feira, 26 de outubro de 2015

PANORAMA FIDA 2015 - Karen Mesquita e Cícero Gomes

Karen Mesquita e Cícero Gomes em "Águas Primaveris"
Foto: Afranio Brito


Na noite de sexta, 23 de outubro, os convidados Karen Mesquita e Cícero Gomes, ambos primeiros solistas do Theatro Municipal do Rio, ofereceram a Belém algo incomum: o pas-de-deux "Águas Primaveris", criado por Assaf Messerer. De execução tida como dificílima, é uma obra lendária de repertório, com música de Rachmaninoff. É uma criação específica que não faz parte de nenhum ballet completo, mas que ganhou fama devido às suas singularidades.

Karen e Cícero, grandes expoentes da nova geração de bailarinos brasileiros, já são conhecidos do público em Belém. Mas que ninguém se engane: cada vez que dançam é única. Quem tem a oportunidade de vê-los dançar deve respirar fundo e ficar atento, pois está diante da história no momento em que acontece.

Já vestidos, se aquecem ao lado da coxia; mesmo concentrados, não deixam de dar uma atenção, de sorrir e interagir. - Resolvemos fazer Águas porque é diferente, ainda não dançamos aqui. É bom trazer uma coisa nova - diz Karen Mesquita. - Pena que é tão rápido que, quando a gente vê, já acabou - brinca. Cícero Gomes concorda, com sorriso e olhar marotos, quase brincalhões. Dá gosto vê-los, dentro ou fora de cena; é uma novíssima geração sem máscara, sem vaidade ou soberba. Gente como a gente, que se distinguem na esfera do talento, mas que comem, dormem, brincam e choram como qualquer um de nós.

O que Karen Mesquita chama de "rapidinho" pode até ser curto no tempo medido, mas é enorme enquanto se desenrola aos nossos olhos, com uma limpeza absoluta nos movimentos e com a paixão que caracteriza as interpretações da dupla. Tecnicamente? Irrespirável. Em termos de sentimento, é mesmo como um vento de primavera carregado de folhas que dançam, com mil passarinhos multicores atrás. E os dois sorrindo, felizes em sua plenitude.

Quem viu não tem a menor chance de esquecer. É história. É arte. É um sopro de vida que corre pelas veias da gente. 

Viva eles. Que muitas Águas possam rolar,  no Teatro da Paz e em muitos palcos do mundo, com esses dois. 

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