segunda-feira, 2 de novembro de 2015

PANORAMA FIDA 2015 - Oficina de Kiko Guarabyra and all that jazz

Oficina de jazz: coreografia exuberante de Kiko Guarabyra
Foto: Aline Nascimento


- Kiko, você é o único bailarino que conheço que pode continuar o meu trabalho.

A declaração do lendário e inesquecível Lennie Dale, bailarino e coreógrafo norte-americano que escolheu viver no Brasil e aqui fez uma inigualável escola na linguagem do jazz, tornou Kiko Guarabyra o herdeiro legítimo de uma vertente sem paralelo na esfera do jazz-dance e dos musicais.

Em sua estreia nas oficinas do FIDA, Kiko se deparou com mais de 80 alunos. Como reza a tradição do festival, as coreografias montadas nas oficinas são exibidas no domingo, último dia de apresentações. Quando o trabalho de Kiko surgiu no palco, dava a impressão de que havia, assim por baixo, umas 150 pessoas. E desde o preto-e-branco dos figurinos à postura profissional dos participantes, uma só tônica marcou a apresentação: o estilo.

Na melhor tradição jazzística, Kiko teve nas nuances de ritmo o seu maior trunfo para amplificar a atuação do grupo e solucionar eventuais desigualdades, que certamente não chegaram ao palco. Numa improvável conjugação de crianças pequenas, jovens bailarinos e adultos, Kiko chegou a uma equação muito sofisticada e musical, aproveitando até o talo as possibilidades da música escolhida - Le Jazz Hot, gravada por nove entre dez estrelas dos musicais da Broadway, como Shirley McLaine e Liza Minelli - e transformando as possíveis diferenças em coreografias com rara unidade. Houve espaço de sobra, também, para a expressão dos talentos individuais, em situações que Kiko soube esculpir como ninguém, escolhendo a dedo os protagonistas. 

A entrada coletiva e espirituosa das crianças, com movimentos lúdicos que aludem às célebres pin-ups, abre caminho para uma sucessão de cenas de maior apuro técnico, para terminar numa verdadeira apoteose do jazz. O volume de bailarinos no palco vai crescendo, crescendo, até o movimento se abrir para que o centro da cena seja ocupado pelos solistas. Dá-se então um clima recheado de pequenas surpresas aqui e ali; a plateia vibra, o som sobe... e os bailarinos, estes sim, esbanjam felicidade, como se vê na foto, nos momentos finais da apresentação.

Em suma, Kiko Guarabyra, honrando o mestre, respondeu com festa ao desafio da oficina, para felicidade de quem dançou e de quem assistiu!

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