terça-feira, 3 de novembro de 2015

PANORAMA FIDA 2015: Mariana Carossa e Kauan Soares

Mariana Carossa e Kauan Soares no pas-de-deux de O Quebra-Nozes
Foto: Aline Nascimento

Mariana Carossa e Kauan Soares são solistas da Companhia Brasileira de Danças Clássicas, de São Paulo. Bailarinos afinados e carismáticos, estrearam no FIDA com obras de repertório, remontadas por Guivalde de Almeida, professor e ensaiador de autoridade e talento reconhecidos nacionalmente. 

Os dois são pessoas encantadoras, descontraídas, que encarnam bem o espírito dos artistas da sua geração. Profissionais concentradíssimos, são rigorosos em sua preparação; nenhum detalhe fica esquecido, das aulas ao aquecimento, dos ensaios ao figurino. Na bagagem, os grand pas-de-deux de O Quebra-Nozes e Diana e Acteon.

Como O Quebra-Nozes veio primeiro, trouxe consigo a primeira impressão, feita de paixão, técnica e apuro. Mariana Carossa tem aquela qualidade etérea que só algumas bailarinas possuem - e que faz com que deslizem, em nossa imaginação, em tons de sépia e lentes algo desfocadas. E que, de certa forma, nos ludibriam: há momentos em que ficamos sem saber se são de fato reais ou visões de algum paraíso da dança.  

Foi assim a sua Rainha das Neves: não deixou espaço para que nos ativéssemos apenas ao rigor técnico. Não, na verdade a aura de encantamento com que nos envolveu a aproxima de mitos nunca vistos, pelo menos por mim. Quem sabe uma Pavlova distante, em algum outro século nem tão distante assim? Sorte que a música, a cena, o teatro, tudo é real - e, em algum momento, a gente volta e percebe que ela existe mesmo. A presença forte e a técnica impecável de Kauan Soares nos ajudam a fazer este ancoramento com a realidade. E a química entre os dois faz com que os personagens ganhem cada vez mais consistência e veracidade.

Interessante vê-los em uma obra tão distinta quanto Diana e Acteon, que requer atributos mais aguerridos, digamos, dada a força dramática exigida dos bailarinos. Mesmo num universo totalmente diferente do anterior, percebe-se que a química é a mesma, porém acrescida de novas nuances - de maior entrega e capacidade, técnica e dramática, para assumir e correr riscos maiores. O resultado é uma atuação memorável, que só nos faz ter vontade de aplaudi-los cada vez mais, orgulhosos e felizes diante de tanto talento.

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