quinta-feira, 5 de novembro de 2015

PANORAMA FIDA 2015: "Belém 400 anos" homenageia o carimbó e seu rei, Pinduca

"Belém 400 Anos", com a Cia. de Danças Clara Pinto
Foto: Aline Nascimento

Sou apaixonada pelo projeto Resgate da Cultura Paraense. Sem dúvida uma ideia fantástica: registrar, em movimento, a memória dos grandes artistas do Estado do Pará. E as coreografias estreiam sempre na abertura do FIDA. 

A ideia de criar o projeto foi fruto da colaboração entre três pessoas: o coreógrafo Fábio de Mello, em seu ano de estreia na direção artística do FIDA; Clara Pinto, diretora e criadora do festival; e Gilberto Chaves, diretor do Theatro da Paz. Por coincidência e sorte minha, isso aconteceu em 2003, na primeira vez que participei do FIDA, convidada por Fábio. 

Gilberto Chaves, um grande aficionado da ópera, foi quem sugeriu que os primeiros homenageados fossem dois emblemáticos talentos paraenses: a soprano Maria Helena Coelho Cardoso, contemporânea de Bidu Sayão, e o pianista e compositor Oriano de Almeida. A trilha foi extraída de um disco magnífico, gravado pelos dois e editado pela Secretaria de Cultura do Estado do Pará. Fábio de Mello se empolgou e investiu todo seu talento e criatividade em uma coreografia irretocável, que emocionou fortemente a plateia do FIDA.

Este ano, o projeto homenageou Pinduca, o rei do carimbó. Uma grande festa de cores e de alegria tomou conta do palco do Teatro da Paz. A coreografia de Marcelo Pereira, talentoso criador brasileiro radicado na Suíça, introduziu nuances contemporâneas à malemolência do carimbó original, musicalmente modernizado por Pinduca. 

Em clima de um verdadeiro show, o carimbó entrou em cena triunfante como nunca, entremeado também com a suavidade do lundu, ingrediente que tornou o espetáculo ainda mais atraente. Saias coloridas e sensuais para as meninas com flores no cabelo, roupas brancas de aniagem para os homens. Toda a sedução do carimbó foi representada, mas também o seu lado alegre, de folguedo, de brincadeira gostosa, popular.

Em seu agradecimento, Pinduca observou que, naquele palco, estava acontecendo a vitória do carimbó, depois de anos de proibição e das torrentes de vaias que recebeu pela vida, fatos que nos contou sem tristeza. Muito ao contrário: era a alegria em pessoa ao final da apresentação, reinando no palco ao lado dos bailarinos e de Clara Pinto.

Belém 400 Anos é homenagem feita de dança e alegria, de cuidado e harmonia. Um belo espetáculo que disse a que veio e fez todas as honras possíveis ao Pinduca, rei de fato e de direito.

Pinduca em momento de glória, ao lado dos bailarinos 
e de Clara Pinto, no palco do Teatro da Paz
Foto: Aline Nascimento

































Um comentário:

  1. Que maravilhosa escolha para abertura do festival. Deve ter sido epecial. Parabéns.

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